Como funciona e de onde surgiu o sistema de faixas do Krav Magá

O ensino do Krav Magá no mundo civil segue um sistema de graduação por cores de faixas (que não existe em treinamento militar, cursos de segurança e demais forças armadas).

Desde que o Krav Magá surgiu, como um sistema de defesa pessoal, criado por Imi Lichtenfeld, frente à necessidade de proteger sua comunidade de ataques antissemitas, o sistema de graduação por faixas não existia: o único uniforme utilizado pelos primeiros alunos eram camisas militares. Anos mais tarde, foi criado um sistema de faixas, da maneira conforme conhecido atualmente. Esse sistema, é muito semelhante ao utilizado no Judô, criado por J. Kano.

Mas o que realmente significa o sistema de faixas e de onde ele surgiu?

Na China antiga, os cintos que eram utilizados inicialmente para suspender e segurar as calças, passaram a ser usados também para guardar objetos ou armas para defesa pessoal. As diferentes cores dos cintos, mostravam a qual ordem social, clã ou região a que seu portador/usuário pertencia. Além disso, a cor dos cintos também poderiam mostrar qual estilo de arte marcial era praticada por seu usuário, já que as cores, diferiam de escola para escola.

Nas escolas de artes marciais, existia um padrão entre as cores dos cintos: uma para iniciantes, uma para discípulos avançados ou assistentes e uma para o mestre. Durante o período entre guerras, o Japão, começou a utilizar um sistema de classificação baseado na simbologia das cores, onde o branco era utilizado para praticantes iniciantes e o preto para os mestres. Essas cores simbolizavam as cores da vida e da morte.

O branco, em contraste com o conceito ocidental, é a cor da morte, de modo que o quimono branco e a faixa branca simbolizam que o discípulo vem se sacrificar e rejeita sua vida anterior e, portanto, aceita uma compreensão mais sofisticada da vida. Quando o discípulo ganha o cinturão de mestre (na cor preta) mostra que venceu o medo da morte; por isso sua atitude diante da vida e da morte é algo natural e ele a aceita sem medo.

Existe uma lenda que diz que quando um discípulo coloca o cinto uma vez, ele não o tira durante toda a sua prática, diferente do quimono, o qual é trocado porque o aluno cresce e se fortalece, além de se desgastar com os treinos frequentes.

Já a faixa, essa muda de cor, conforme o desenvolvimento dos alunos. O aluno, inicia seu treinamento na faixa branca, que ao longo do tempo, se torna amarela, pelo suor frequente do discípulo. Com o passar do tempo, o cinto fica ainda mais encharcado de suor, grama, terra, poeira e até mesmo com o sangue, que vai fazendo com que ela passe por outras tonalidades de cor, chegando ao marrom e por fim, o preto.

Diferentes escolas e estilos possuem diferentes cores de faixas para classificar o desenvolvimento de seus alunos, bem como os intervalos de tempo necessários para submeter seus alunos a um exame para passar de um nível de conhecimento para outro superior. No entanto, é comum a todas as escolas que a cor da faixa tenha o significado de hierarquizar e graduar o conhecimento do discípulo.

No Krav Magá, o branco dos iniciantes, é trocada inicialmente pelo amarelo e depois, pelo laranja. Para graus mais altos de conhecimento, são usados o verde e o azul, seguidos pelo marrom e finalmente pelo preto.

Algumas pessoas pensam que a história de como as cores da faixa foram criadas pelo treinamento de longa duração é um mito antigo, ou mesmo uma espécie de lenda, mas a verdade é que ela tem uma origem e um significado, lógico e histórico.

Vários sistemas de cores foram criados por M. KAWAISHI em Paris (França) entre os anos de 1935 e 1948, e por J. KANO, no judô, porém, nenhum deles deixou qualquer tipo de instrução precisa, escrita, para esses casos.

Cada graduação no Krav Magá, ensina um certo número de técnicas, compatível com a experiência e capacidade dos alunos dentro daquele período de treino. O principal objetivo, do uso das faixas no Krav Magá são:

- Fornecer uma estrutura clara e transparente de aprendizagem. As habilidades e técnicas desenvolvidas em cada faixa, começam de forma simples e com movimentos mais básicos, e gradualmente vão se tornando mais complexos, quando o aluno avança para o próximo nível. Cada graduação se complementa e se relaciona, conforme as técnicas aprendidas anteriormente.

- O sistema cria uma base sólida para o desenvolvimento do aluno. Cada graduação é pensada para criar uma base sólida para os alunos, de forma que todos possam chegar seguramente em um próximo nível, física e tecnicamente, evitando lesões e não permitindo que hajam “buracos” ou falta de conhecimento técnico para quando o aluno que atinge um nível mais avançado.

- Torna o aprendizado tangível, criando no aluno o sentimento de realização pessoal. Os alunos testados e reconhecidos por suas conquistas em cada graduação, conseguem perceber, quando trocam de faixa, sua evolução.

- O sistema de faixas cria uma padronização das habilidades dos alunos dentro das escolas, fazendo com que seja possível estabelecer níveis claros para que estas habilidades sejam avaliadas e trabalhadas, até o ponto necessário, evitando que alunos despreparados atinjam níveis mais altos de treino antes do tempo, evitando lesões e outros problemas.

- Facilita para que instrutores e professores identifiquem o nível de conhecimento de cada aluno, em ambientes onde existam muitos praticantes juntos, ou quando por qualquer eventualidade seja necessário trabalhar com alunos de outras escolas e unidades, mantendo assim, uma padronização do treino.

BIBLIOGRAFIA

Web
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Livros
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